quarta-feira, 27 de setembro de 2017

Professores(as) orientadores(as)

Professores(as) orientadores(as)
Nas postagens de 06 de junho e 24 de agosto foi relatada a maneira pela qual os objetivos de aprendizagem do curso são ressignificados e organizados no âmbito do projeto de inovação. Em resumo:
Norteando-se pelas subnuvens citadas no mapa conceitual acima, os discentes, com orientação de professores (cada estudante tem um professor orientador), constroem seus itinerários formativos. Isso se dá, primeiramente, pela elaboração de um roteiro de estudo quinzenal, no qual os educandos elencam objetivos que serão mobilizados ao longo de duas semanas. No link a seguir é apresentado parte de um roteiro de estudo elaborado por uma estudante.

 A partir do roteiro quinzenal de estudos, os discentes, ao chegarem no IF, planejam o que será estudado no dia. No link abaixo é apresentado parte de um planejamento diário proposto por um discente.

Tanto o roteiro quinzenal quanto o planejamento diário de estudos são estruturados em planilhas do Google Docs, as quais são compartilhadas entre todos os integrantes do projeto. Essa estratégia permite que professores orientadores possam acompanhar com mais facilidade os projetos de seus orientados e, assim, orientá-los melhor. Outro benefício do compartilhamento das planilhas é fomentar a troca de experiências entre os estudantes, por exemplo, em relação aos seus itinerários escolares e materiais didáticos usados.
O fato dos discentes estruturarem seus próprios itinerários permite que seus estilos e ritmos de aprendizagem sejam respeitados, além de contribuir para o desenvolvimento de habilidades importantes como planejamento, organização e gestão do tempo.
O professor orientador acompanha de perto a elaboração e o desenvolvimento dos projetos de estudos de seus orientados, principalmente no que refere à mobilização dos objetivos não cognitivos (habilidades). É entendido que se estes objetivos forem devidamente discutidos e colocados em prática, além dos objetivos cognitivos serem alcançados com mais facilidade, a formação dos graduandos será mais ampla.
Orientadores e orientados se encontram semanal ou quinzenalmente, todavia, havendo necessidade, reuniões em menor espaço de tempo são realizadas. É interessante como se estabelece uma relação de confiança, respeito e afetividade entre esses dois personagens, o que, no nosso entendimento, contribui positivamente para o aprendizado.
E assim é apresentado um dos papeis do professor no projeto de inovação: acompanhar de perto e orientar o processo formativo dos educandos.

João Batista de Medeiros
Professor da Área de Química
27/09/2017

segunda-feira, 28 de agosto de 2017

Primeiro Vídeo sobre o Projeto

Este vídeo foi produzido por solicitação do comitê de acompanhamento dos projetos selecionados no Edital IFSP-PRE.80/2017, de Práticas Pedagógicas e Currículos Inovadores.

Optamos por deixá-lo público para compartilhar um pouco da experiência que temos vivido com as pessoas interessadas em processos de inovação em educação.

Para mais informações:
Blog do Projeto: http://inovacaoifsp.blogspot.com.br/
Site do Projeto (autoria dos estudantes): http://sites.google.com/ifspcapivari.com.br/inovacaolicquimicaifsp/
Blog do Projeto (autoria dos estudantes): http://projetoinovacaoifsp.blogspot.com.br/




Paloma Chaves
Professora da Área de Educação
28/08/2017

quinta-feira, 24 de agosto de 2017

Estamos caminhando

No semestre passado, mais precisamente dia 21 de junho deste ano,fui autora da postagem "Sob o olhar de um aluno",essa postagem terminava assim:

"
...muitas idéias de projetos de aprendizagem surgiram, mas poucos projetos foram postos em prática neste semestre. Os professores têm conversado com os alunos sobre colocarmos as idéias em prática desenvolvendo-as como pequenos projetos. Creio que esse seja o próximo passo. Estamos evoluindo e abraçando a causa, crentes de que futuramente colheremos frutos cada vez maiores."

Estamos no fim do primeiro mês do semestre, e os projetos interdisciplinares têm surgido espontaneamente. Literalmente temos uma "nuvem" de projetos em forma de planilha bem organizada. Esses projetos contemplam o desenvolvimento sustentável, métodos educacionais através de novas tecnologias, inclusão no ensino de química, soluções de problemas na comunidade entre outros temas.
No entanto quero compartilhar hoje um projeto em que sou co-autora, que prevê contribuir de forma indireta para o ensino de química, mas que de forma direta contempla o desenvolvimento de habilidades não cognitivas (curiosidade, solidariedade, pesquisa, autonomia, colaboração, equidade, etc). Dentro do Projeto de Inovação somos direcionados a desenvolver tais habilidades, pois compreendemos que elas serão tão importantes para nossa formação quanto aos conteúdos científicos. O projeto citado seria a criação de uma página na internet (já em construção) , que começamos a desenvolver em formato de Blog e está publicada no seguinte endereço: www.projetoinovacaoifsp.blogspot.com.br.
O intuito do website é estreitar o canal de comunicação entre docentes, discentes e a comunidade em geral. Pretendemos contar nossa história dentro do projeto, expor os projetos que estamos desenvolvendo e um acervo com conteúdo de estudo, para que a comunidade tenha mais um canal de acesso a conteúdos de qualidade validados por nossos docentes. Além disso teremos links de acesso rápido para os estudantes e constantemente faremos pesquisas de opinião, para que em nosso sistema de aprendizado o aluno a cada dia seja co-autor de seu processo de formação, para que o ambiente de ensino-aprendizagem seja cada vez mais democrático.
O resultado previsto para o projeto intitulado provisoriamente como "Plataforma de Apoio para o Projeto de Inovação", é um website moderno com diversos recursos, em que possamos refletir a nossa vivência na Graduação de forma inovadora, para que sirva como uma espécie de "vitrine" aos futuros calouros que procuram uma alternativa ao sistema tradicional. Pretendemos que esteja pré-finalizado (uso o termo pré pois o aprimoramento é constante), até o próximo processo seletivo SISU, assim os futuros discentes que se candidatarem à Graduação de Licenciatura em Química, estejam cientes de que participarão de uma Graduação fundamentada num Projeto de Inovação. Isso poderá ser um grande atrativo pois, de acordo com o que já foi apresentado, salvo as dificuldades no processo de adaptação, já temos condições de prever resultados cada vez mais positivos.


Ana Paula Pereira
Estudante do 2o Semestre
24/08/2017

quarta-feira, 16 de agosto de 2017

Projeto Inovador: Uma aplicação no Curso de Licenciatura em Química




Sou aluna do 6° semestre do curso de Licenciatura, e vou compartilhar com vocês o nascimento do projeto, a partir do olhar de quem ajudou a construí-lo. Minha narrativa buscará resgatar um pouco dos diálogos entre as pessoas envolvidas, a fim de proporcionar uma visão mais concreta da nossa experiência.
No final de 2016, no curso de Licenciatura em Química, em uma roda de conversa, nasceu uma proposta de inovação que tornaria a aprendizagem mais significativa com o propósito de colocar os alunos deste curso como protagonistas da própria aprendizagem.
O curso de Licenciatura em Química é oferecido no IFSP, Câmpus Capivari, localizado em cidadezinha do interior Paulista. A ideia de inovação surgiu na disciplina de Didática, oferecida no 4° semestre pela professora Paloma Chaves.
De início a professora foi detalhando ideias inspiradoras para a turma através das explicações sobre as teorias da aprendizagem, e a partir da leitura de livros e artigos, exposição de vídeos de Escolas Inovadoras dentro do próprio Estado de São Paulo. Com tudo isso a turma foi ficando entusiasmada, curiosa e esperançosa diante de tanta informação até então desconhecida.
Um aluno do curso ergueu a mão e perguntou se era possível implantar este modelo de inovação na instituição.
- Verdade, professora! – Concordei.
- Pensando bem, creio que sim, poderíamos fazer um teste na disciplina que ministrarei no 5° semestre, porém terei que consultar minha colega, Thalita Arthur, que dará a disciplina junto comigo – Respondeu a professora.
- Acho que seria interessante pensarmos nessa possibilidade – Argumentou uma aluna.
- Isso mesmo professora, se é bom por que não aplicar na sua disciplina – Relatou outra aluna.
Então a professora de imediato consultou a turma que concordou logo de início com a ideia da implantação do projeto de inovação no curso no componente curricular ou disciplina de “TIC - Tecnologia da Informação e Comunicação para o Ensino de Química” que seria dado por ela conjuntamente com uma outra professora da instituição no semestre seguinte.
Em uma conversa com a professora Thalita, a professora Paloma falou da discussão que teve durante as aulas que ela ministrava com seus alunos, e que gostaria de mudar sua metodologia tradicional de ensino.
- Que interessante esta ideia! Quero participar! – Respondeu ela.
Nesse mesmo instante apareceu o Carlos, professor e coordenador do curso de Licenciatura em Química, e a professora compartilhou com ele a proposta.
- Por que não? Achei a ideia maravilhosa, aceito participar – Afirmou o coordenador.
- Vamos convocar uma reunião e apresentar o projeto para os demais colegas – Afirmou o coordenador.
Deu-se o início do 1° semestre de 2017, retornando alunos e professores à instituição depois de longas férias.
Entusiasmados com a proposta defendida pelo coordenador, os demais professores que apoiaram testar a inovação na Licenciatura, embora meio receosos.
Primeira semana de aula e todos envolvidos com a experimentação da nova metodologia adotada. Começaram a surgir algumas mudanças, como a preparação da nuvem de objetivos a partir de uma roda de conversa entre alunos e professores do 5° semestre (com base no PPC do curso), a preparação do Roteiro de Aprendizagem e do Planejamento Diário, e a escolha dos Orientadores.
No decorrer do semestre foi perceptível falhas como também avanços no projeto, devido ao processo de adaptação, principalmente dos alunos que se sentiram desconfortáveis fora de sua zona de conforto. Fez-se necessário uma roda de conversa entre alunos e dois orientadores para ouvir a demanda dos alunos.
- Neste momento estamos aqui para ouvirmos vocês a respeito dos pontos positivos e negativos que permeiam o projeto – falou a coordenadora do projeto.
- É necessário que haja uma melhor organização de tempo tanto dos alunos como dos professores – Argumentou uma aluna.
- Sinto necessidade da aula tradicional – falou outro aluno.
- Precisamos de um ambiente mais light – Contribui um aluno.
- Perfeito! Mas acredito que deveria alternar entre aulas e o estudo individual – Ressaltou outro aluno.
- Não gostei do projeto, pois não consigo estudar sozinha preciso estar em sala de aula – Desabafou uma aluna.
- O projeto é muito bom, pois torna a aprendizagem significativa e nós como futuros professores temos que estar aberto a novas metodologias – comentou um outro aluno.
- Sinto por experiência própria que consegui aprender mais depois da implantação do projeto, no entanto ainda não tenho uma crítica definida em relação ao Projeto  – falou outro aluno.
- Eu gosto da flexibilidade que o projeto proporciona para nós, consigo aprender mais, pois sou autora da minha própria aprendizagem. Sinto que estou aprendendo a aprender .
- Como o Projeto de Inovação é flexível penso que nós alunos e também professores podem propor alternativas de aprendizagem que facilite o aprendizado dos alunos – fez uma observação outra aluna.
- Gostei da sugestão da colega! - Disse outra aluna
- O projeto é muito bom, mas precisamos melhorar o horário de atendimento aos alunos, sinto que ficamos meio dispersos– falou outro aluno.
Depois de todos relatarem os pontos fortes e fracos do projeto a professora Paloma se pronunciou, diante dos relatos dos alunos:
- Parabenizo a todos que se pronunciaram! Irei conversar com todos os docentes envolvidos no projeto e em seguida darei uma devolutiva para todos vocês.


Daniela Elide Pereira de Lima
Estudante do 6o Semestre
16/08/2017

sexta-feira, 7 de julho de 2017

Rodas de Conversa e Fórum de Discussão

Durante a fase de execução do Projeto de Inovação, uma das inseguranças que surgiram entre os professores foi quanto à avaliação: Como verificar se os estudantes estavam aprendendo? Como saber se eles estavam estudando os conceitos necessários à sua formação de futuros professores? Porém, diante da expectativa, tanto de professores quanto de alunos, de se fugir da tradicional e famigerada prova, surgiram as propostas de realização de rodas de conversa ou fóruns de discussão, que foram dois dos diversos dispositivos pedagógicos utilizados neste Projeto de Inovação.

Vários dos objetivos relacionados à Leitura, Interpretação e Produção de Textos puderam ser verificados com base nos diversos trabalhos, relatórios, resenhas produzidos para as diferentes disciplinas. No entanto, havia conceitos específicos como a compreensão do princípio da variação linguística e como identificar e combater o preconceito linguístico em nossa sociedade.
Para abordar tais conceitos, conforme sugestão dos próprios estudantes, no dia 23 de maio, nos reunimos para analisar e refletir sobre o conceito de preconceito linguístico, desenvolvido pelo linguista Marcos Bagno, em seu livro Preconceito linguístico - o que é como se faz.

A roda de conversa pressupõe o estudo e a preparação prévia do texto que será discutido, de modo que os conceitos sejam estudados e compreendidos para serem posteriormente compartilhados na roda de conversa.

Na atividade desenvolvida, os alunos se dividiram em grupos relacionados aos capítulos do livro, assim cada grupo estudou mais aprofundadamente um capítulo e preparou um material escrito para auxiliar a compreensão dos demais participantes da roda. Esse material foi depois salvo em uma pasta compartilhada para consulta. Considero importante frisar que a divisão dos capítulos e a sua distribuição entre os interessados em participar da discussão foram protagonizadas pelos próprios estudantes, ou seja, não foi necessário interferir nesses processos, pois eles assumiram a responsabilidade de buscar o conhecimento.

A atividade mostrou-se muito produtiva e proveitosa, pois os estudantes trouxeram informações, reflexões, pontos de vista divergentes, dúvidas e questionamentos. Diferentemente de uma aula expositiva tradicional sobre o tema, houve envolvimento e participação de todos que leram o livro e se prepararam para a roda. O tema gerou reflexões e discussões que não se esgotaram no tempo disponibilizado para a roda de conversa. Por esse motivo e também para possibilitar a participação de outros estudantes que não estiveram presentes no encontro, foi realizado um fórum de discussão sobre o tema preconceito linguístico.

O fórum apresentou uma situação-problema envolvendo o tema já debatido e contou com a participação da maioria dos estudantes. Porém, apesar de ser um dispositivo que também permite a interação e a participação de todos durante um tempo mais prolongado, acredito que a grande participação neste fórum ocorreu devido à realização anterior da roda de conversa. Ou seja, neste caso, o fórum se constituiu em uma continuação ou um desdobramento da roda iniciada em 23 de maio.

Considero que os objetivos pedagógicos relacionados à compreensão do preconceito linguístico foram alcançados de uma maneira muito mais efetiva e interessante para os estudantes, pois houve um grande envolvimento prévio de todos para que a roda pudesse ocorrer. Penso que a grande contribuição deste Projeto de Inovação está em contribuir para o desenvolvimento da autonomia e da responsabilidade com o próprio aprendizado, o que é mais difícil (senão impossível) de ocorrer em um sistema de ensino tradicional em que os "alunos" passivamente recebem uma informação pronta, transmitida por um professor como um conceito formalizado, pronto.

Como disse Paulo Freire, "ninguém caminha sem aprender a caminhar, sem aprender a fazer o caminho caminhando, refazendo e retocando o sonho pelo qual se pôs a caminhar". E estamos todos, professores e estudantes, aprendendo a trilhar esse novo caminho que sonhamos juntos.

Érica Maio Taveira Grande
Professora da Área de Letras
07/07/2017

terça-feira, 27 de junho de 2017

Visão do Coordenador

         

Estou no Campus Capivari desde a sua abertura em agosto de 2010 quando o Campus oferecia apenas o curso Técnico em Química Concomitante/Subsequente na área de química. Hoje, além do curso técnico Concomitante/Subsequente, o campus oferece o curso técnico integrado, os cursos superiores de Tecnologia de Processos Químicos e a Licenciatura em química. Temos atualmente 22 professores de química, 2 de educação, 4 de matemática e 3 de física, entre outros de outras áreas de humanas, exatas e biológicas.

Desde o surgimento da necessidade do Campus em oferecer cursos superiores, lutei, junto com outros professores, para o oferecimento do curso de Licenciatura em Química. Essa luta era acompanhada da preocupação em evitar uma formação inadequada do professor, que, em geral, tem uma formação nos moldes tradicionais que não leva em conta as necessidades da sociedade atual, como um fator significativo no impedimento do sucesso na implantação de políticas educacionais eficientes. Nesse sentido, apontamos no Projeto Pedagógico do curso o Parecer CNE/CP 009/2001 que indica como características inerentes ao profissional docente adequado à realidade atual:

- orientar e mediar o ensino para a aprendizagem dos alunos;

- comprometer-se com o sucesso da aprendizagem dos alunos;

- assumir e saber lidar com a diversidade existente entre os alunos;

- incentivar atividades de enriquecimento cultural;

- desenvolver práticas investigativas;

- elaborar e executar projetos para desenvolver conteúdos curriculares;

- utilizar novas metodologias, estratégias e materiais de apoio;

- desenvolver hábitos de colaboração e trabalho em equipe.

O desenvolvimento de tais características nem sempre é contemplado pelos cursos de formação de professores, que apresentam perfis mais conservadores. Além disso, a desvalorização e o descrédito à profissão dos profissionais da educação culminaram em uma escassez de professores do ensino de ciências e matemática nas instituições públicas do Ensino Fundamental e Médio. No panorama atual da Educação brasileira, não basta formar mais professores, mas formá-los conscientes da responsabilidade social e da dimensão política de seu trabalho. Os graves problemas da Educação Básica brasileira, tanto na esfera pública quanto privada, justificam a necessidade de um curso de qualidade, integralmente voltado para a formação de professores que tenham capacidade de enfrentá-los, analisá-los, propor e implementar inovações que busquem a melhoria da qualidade da Educação para todos.

A proposta do Curso Superior de Licenciatura em Química Campus de Capivari, desde a sua concepção, pretendia apresentar uma proposta curricular que tivesse como princípio básico a compatibilização com as novas exigências legais e necessidades sociais. Buscava também uma proposta que possibilitasse situar as licenciaturas como cursos superiores específicos capazes de articularem-se entre si com projetos pedagógicos próprios e em consonância com uma política de formação continuada de professores, evitando-se assim um cenário ainda presente em algumas Instituições de Ensino Superior, no qual a licenciatura aparece apenas como um “apêndice” dos cursos de bacharelado.

Após a aprovação do Projeto Pedagógica e o início do oferecimento do curso em fevereiro de 2015, nos deparamos com problemas típicos dos cursos superiores e em especial de licenciatura como a alta evasão, despreparo dos alunos ingressantes e falta de interesse dos alunos numa formação para ministrar aulas no ensino básico. Por outro lado, como no nosso campus há muitos professores de química, conseguimos reunir uma equipe mais interessada na proposta do curso, do que interessados em cumprir horário e "dar" aulas. Logo no início tivemos a preocupação de não só ensinarmos como os alunos deveriam ministrar aulas no ensino básico, mas tivemos a preocupação de modificar nossas práticas adotando metodologias alternativas como elaboração de projetos, atividades lúdicas de aprendizagem, efetivar a Prática como Componente Curricular e desenvolvimento de projetos interdisciplinares. Com a chegada das professoras da área de educação e dos professores do núcleo básico para o oferecimento dos cursos integrados, desenvolvemos atividades e grupos de estudos para o aprofundamento das questões epistemológicas que acabou culminando no projeto de inovação na licenciatura e no projeto integrador do ensino médio integrado.

Depois de tantos estudos sobre inovações em educação, a proposta de Inovação na Licenciatura, concebida pela Professora Paloma, surgiu como resposta aos nossos anseios de modificação dos moldes tradicionais e ineficientes de transmissão de conteúdos. Como foi de consenso entre os professores, a proposta era no mínimo muito melhor do que os métodos que acabávamos reproduzindo da nossa formação que se baseavam-se em aulas expositivas, experimentos "receita de bolo", listas de exercícios e provas escritas com problemas previamente definidos e irreais.

Confesso que o início foi muito complexo por estarmos iniciando algo totalmente novo para um curso de nível superior, mas tínhamos consciência dessa dificuldade, como qualquer projeto de inovação, mas que colheríamos bons frutos, como podemos notar no post anterior divulgado pela nossa aluna Ana Paula do primeiro ano do curso.

Ainda estamos refinando os dispositivos pedagógicos e as metodologias utilizadas e negociando com os alunos qual a melhor maneira de trabalhar, mas como já sabíamos desde o início, esta metodologia era no mínimo bem melhor do que os métodos tradicionais e estamos observando agora com o final do semestre que os alunos tiveram um salto quântico na autonomia e várias outras competências individuais e sabemos que nos próximos semestre só temos a tendência de melhorar cada vez mais.

Carlos Fernando Barboza da Silva
Professor da Área de Química e Coordenador do Curso
27/06/2017

quarta-feira, 21 de junho de 2017

Sob o olhar de um aluno…

Primeira semana de aula no Instituto Federal, as expectativas são grandes e surgem as perguntas: Como será o campus? E os novos amigos? Os professores serão legais? As provas serão difíceis? Mas no terceiro dia de aula após a recepção vem a integração e, em meio às apresentações, expõem a novidade de que o método de ensino será bastante diferente do que conhecemos. A curiosidade toma conta da classe, mas  quando ouvimos a frase: “Não vai ter aulas convencionais” instantaneamente todos os alunos ficam inquietos.
No decorrer dos dias estamos empenhados na construção da nuvem de objetivos e a inquietação continua. Alguns alunos estão empolgados na construção da nuvem, outros um tanto exaltados: ”Como aprender sem aulas? Como será isso?” Eu era um desses alunos do último caso, perdida, não sabia aprender sem aulas convencionais, me sentia enganada, prejudicada, mas não queria desistir do curso.
Após um mês letivo a classe está dividida, uma parte dos alunos está feliz com o projeto, outra parte ainda sonha com a volta do sistema antigo e eu ainda era parte dela. Me associo a parte de alunos descontentes a fim de persuadir os professores, de que o sistema não era democrático, que teríamos o direito de escolher. Mas nosso professores, mestres e doutores, humildemente abraçam nossa causa de forma diferente, expondo que também estão tendo dificuldades de se adaptarem, mas cientes de que nós merecemos um sistema melhor, no qual sejamos autônomos, com maior nível de aprendizagem, em que possamos demonstrar nossas aptidões e crescer verdadeiramente como profissionais.
O discurso dos professores não me convencia, sempre fui “CDF” e agora estou tendo muitas dificuldades em me concentrar e progredir nas matérias. O semestre vai chegando à metade e ainda não estava convencida de que o Projeto de Inovação me favorecia. Então tive uma idéia! Eu sentia que os professores não viam que existiam alunos descontentes com o Projeto, pois nos momentos coletivos nem sempre os alunos falavam tudo o que estavam sentindo, mas na hora do intervalo entre amigos as opiniões eram bem diferentes. Então, minha ideia foi elaborar uma pesquisa de opinião aos alunos em relação ao Projeto, mas para que a professora idealizadora do projeto aprovasse a ação, essa pesquisa não poderia ter perguntas tendenciosas, e foi o que fiz. Com dificuldades consegui elaborá-la e a professora Paloma aprovou a publicação aos alunos dos 1o e 5o semestres. Nela havia perguntas como: Você conhece a origem do projeto de inovação? Já ouviu falar sobre aprendizagem através de projetos? Qual seu grau de satisfação como participante do projeto de inovação? Um parágrafos pedindo opiniões, etc. Publiquei para que fosse respondido de forma anônima e os participantes pudessem responder com total sinceridade.
Ao final da pesquisa obtivemos uma quantia significativa de respostas, o que futuramente se tornou mais uma ferramenta valiosa para os professores conhecerem as opiniões dos alunos. Para minha surpresa poucos sabiam a origem do projeto, poucos conheciam as escolas inovadoras, a maioria tinha um grau de satisfação regular (maior do que era o meu), e através das opiniões foi muito interessante saber que os alunos aprovaram a necessidade do projeto inovador, apesar das dificuldades que estavam passando. Isso me intrigava, pois percebi que não era possível voltar atrás. Então comecei a pesquisar sobre os métodos inovadores, sobre a Escola da Ponte e, por fim, li o artigo (que pode ser lido aqui) “Aprendizes do futuro: As inovações começaram" de Léa Fagundes, que fez mudar minha visão de ensino e aprendizagem bruscamente.
Tudo fazia sentido agora! Meu orientador não estava me impondo nada, ele apenas era meu guia, estimulador, meu professor. Percebi que as formas de avaliação eram todas partes do meu ciclo de aprendizagem e o Projeto de Inovação foi inspirado em mentes brilhantes da história da educação, que serviram de inspiração para nossos idealizadores, visando o crescimento de seus alunos, futuros docentes, que poderão produzir frutos na história da educação através da semente lançada hoje.
Após essa quebra de paradigma em minha mente, candidatei-me a bolsista do projeto, a fim de aprender mais e de perto e, tanto poder contribuir com os professores, como poder ajudar meus amigos de classe a aderirem verdadeiramente à causa. Meu primeiro ato concreto como bolsista do projeto, mediante devida autorização, foi lançar outra pesquisa de opinião juntamente com a outra bolsista, Daniela. O resultado dessa pesquisa foi motivador:
  • As medidas tomadas para melhoria do projeto através de ideias dos alunos já implantadas foram aplaudidas;
  • Descobrimos que os alunos são solidários. Os que têm mais dificuldades pedem ajuda aos que têm mais facilidade com uma determinada matéria;
  • Os alunos estão recorrendo mais aos professores das disciplinas e ao orientador.
  • Muitos dos discentes reconheceram a necessidade de melhorar o senso de responsabilidade e outras virtudes necessárias ao bom estudante;
  • O grau de satisfação dos alunos em relação ao projeto melhorou consideravelmente.
Em minhas conclusões pessoais, penso que nós alunos estivemos acostumados pela escola convencional a receber o conhecimento "semi-pronto", o que nos deixou “preguiçosos”. Talvez essa seja nossa dificuldade inicial, aprender a aprender.

Um ponto negativo foi que muitas idéias de projetos de aprendizagem surgiram, mas poucos projetos foram postos em prática neste semestre. Os professores têm conversado com os alunos sobre colocarmos as idéias em prática desenvolvendo-as como pequenos projetos. Creio que esse seja o próximo passo. Estamos evoluindo e abraçando a causa, crentes de que futuramente colheremos frutos cada vez maiores.


Ana Paula Pereira
Estudante do 1o Semestre
21/06/2017

Professores(as) orientadores(as)

Professores(as) orientadores(as) Nas postagens de 06 de junho e 24 de agosto foi relatada a maneira pela qual os objetivos de aprendizag...